quinta-feira, 4 de março de 2010

Ministro Lobão: trabalhador não é povo e sua participação nos ganhos do pré-sal não é investimento social?

Matéria divulgada pelo O Globo, reporta que o ministro de Minas e Energia Edison Lobão teria afirmado que o governo 'entende' que a aplicação de recursos do FGTS em saneamento, água potável e construção de casas populares seria "infinitamente" preferencial para o 'povo' do que comprar ações, "o que significa proteger pessoas físicas, ainda que trabalhadores, que vão ganhar dinheiro com a valorização das ações". - Como é que você vai pegar dinheiro que é destinado ao social hoje e vai tirar e incentivar o ganho no mercado de ações de pessoas físicas? - teria questionado Lobão.

O ministro atropela com suas declarações mais do que o acordo que o governo ao qual pertence fechou na Câmara. Ao dizer que os trabalhadores "vão ganhar dinheiro", o ministro despreza o fato de que, em primeiro lugar, trata-se da aplicação de recursos que são do trabalhador - e não do governo -, que foram recebidos em troca do seu trabalho e, em segundo lugar, poderão ter ganhos, mas estes serão decorrentes de investimento em produção e geração de renda - e não de especulação ou em prejuízo de terceiros.

Ademais, a afirmação do ministro parece querer fazer crer que o 'povo' inclui determinadas categorias de pessoas, mas não os trabalhadores. Saneamento, água potável e construção de casas populares são - assim como saúde e educação - investimentos obrigatórios para os recursos
públicos, do governo. Carece de legitimidade o governo que não realiza estes gastos nos volumes necessários, ao mesmo tempo em que propugna a aplicação de recursos que são dos trabalhadores e usa o argumento da necessidade, que afinal ainda existe em decorrência da sua própria incapacidade de suprir serviços essenciais à população - aí incluídos os trabalhadores.

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